terça-feira, 10 de abril de 2012

aprendemos a sentir e desenvolver afetos sob a referência do 'amor'. como se fossem as únicas lentes de que dispomos para ver o mundo, para sentir, para estabelecer vínculos, para viver em sociedade. todxs monolingües, falando a linguagem universal do amor. no entanto existem mais línguas, e a política se escreve desde o intraduzível, desde o incomunicável, desde códigos secretos que 'precisamos' inventar. babel contra o amor! o que insistimos em entender e comprar como 'amor', nos torna codificáveis, compreensíveis, integráveis, consumidorxs, normais. a subversão passar por outro lugar: que não saibam qual idioma falamos.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

a moeda da sorte foi roubada
o horóscopo foi rasgado
a religião, extinta
estamos sem destino, meu amor
sem mapas, sem marcas, sem vergonhas, sem tempo.
aqui a beleza faz cuspir sangue
- juro que vou pensar sobre isso. riram
estava na cara
enrolando o tapete vermelho sem levantar os pés
queimando bandeiras
tentando achar a rua certa
o que mais poderia querer dizer com aquilo?
cegxs!
mas aqui tudo é pensado em blocos
e cegxs não são bem-vindxs
de tão acessível, foi feitx pra ninguém
dizem até que não existe lugar pra chorar

vamos por partes
aqui a terra ronca de garganta fechada
- e claro que entendo quando fala sobre enlouquecer em paz
em um dia tranquilo, posso te ouvir gritar
em um dia tranquilo, não reconheço sua voz
mas não me venha com eletrochoques, ilustre desconhecidx
se houvesse magia nisso, não seria preciso um manual de ação direta
o mar morto teria cor-de-sangue
não sangue azul
um hemograma quase completo
o importante agora é que o importante não existe
e nossa memória foi feita pra acabar
amanhã já não lembraremos de mais nada, juro
marcharemos juntxs para a jornada de oito horas
de mãos dadas
antes delas serem cortadas
pagaremos nossos pecados convertidos em corpos
assinaremos um contrato em um banquete para homens e mulheres
onde brindaremos cicuta com sua ridícula filosofia e sua lógica capenga.
falta ar no topo dos meus pulmões!
não, eu não vou pegar nas suas mãos
e casar de branco segurando o seu pau
simplesmente discordo dos seus planos
um pacto de sêmen!
sagrada experiência espiritual sem espírito
eu que um dia sonhei incendiar todas as cartas
embaralhei